No dia 29 de maio, o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (Inca) lançaram uma nova campanha de prevenção contra o uso de cigarros eletrônicos. A iniciativa destaca os riscos associados a esses dispositivos, especialmente para crianças e adolescentes. Em comunicado oficial, o Ministério da Saúde enfatizou que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), novos produtos como os cigarros eletrônicos e informações enganosas da indústria do tabaco representam uma ameaça significativa, resultando em uma iniciação ao tabagismo cada vez mais precoce.
Dados apresentados pelo ministério revelam que crianças e adolescentes que utilizam cigarros eletrônicos têm pelo menos duas vezes mais chances de fumar cigarros convencionais no futuro. A campanha é parte das atividades do Dia Mundial Sem Tabaco 2024, celebrado em 31 de maio, cujo tema deste ano é a proteção das crianças contra a interferência da indústria do tabaco.
"Por meio de uma linguagem voltada para o público jovem, a campanha visa promover uma mudança de comportamento e proteger as novas gerações dos perigos do uso do tabaco, alertando sobre as táticas da indústria para atrair crianças e adolescentes com o objetivo de garantir e expandir seu mercado consumidor", destacou a pasta.
A última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada em 2019, revelou que 16,8% dos estudantes brasileiros entre 13 e 17 anos já haviam experimentado cigarros eletrônicos, com uma maior prevalência entre adolescentes de 16 a 17 anos (22,7%) comparado aos de 13 a 15 anos (13,6%). A experimentação é mais comum entre os meninos (18,1%) do que entre as meninas (14,6%).
A pesquisa também destacou uma variação regional significativa: o Centro-Oeste lidera com 23,7% de experimentação, seguido pelo Sul (21,0%) e Sudeste (18,4%). As regiões Nordeste (10,8%) e Norte (12,3%) apresentaram taxas abaixo da média nacional.
Além disso, houve um aumento no percentual de estudantes de 13 a 17 anos que relataram o consumo de cigarros nos 30 dias anteriores à pesquisa, subindo de 5,6% em 2013 para 6,8% em 2019.
O ministério ressaltou que os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), que incluem cigarros eletrônicos e outros produtos de tabaco aquecido, contêm variadas quantidades de nicotina e outras substâncias tóxicas, tornando suas emissões prejudiciais tanto para os usuários quanto para aqueles expostos aos aerossóis. "Mesmo alguns produtos que alegam não conter nicotina podem apresentar a substância em sua composição, e suas emissões são nocivas", afirmou o ministério. "A nicotina causa dependência e pode afetar negativamente o desenvolvimento cerebral de crianças e adolescentes, impactando o aprendizado e a saúde mental."
O consumo de tabaco continua a ser um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares e respiratórias, além de mais de 20 tipos ou subtipos de câncer e outras condições debilitantes. Estudos recentes sugerem que o uso de DEFs pode aumentar o risco de doenças cardíacas e distúrbios pulmonares, e a exposição à nicotina durante a gravidez pode prejudicar o desenvolvimento cerebral do feto. Exposições acidentais ao líquido dos cigarros eletrônicos também representam sérios riscos para crianças, devido ao potencial de vazamento dos dispositivos ou ingestão do líquido.